Até o ano passado o sumo feminino era conhecido internacionalmente como "
Shinzumo", que significa, ao pé da letra, "novo Sumo". Foi decidido, entretanto, durante as reuniões ocorridas durante os Campeonatos Mundiais na Tailândia, que à partir de então será chamado "
Joshizumo", que significa "sumo para garotas".
Parece uma troca boba, que nem mereceria destaque, já que em nada altera na prática, mas em se tratando do Sumo, ganha proporções importantes.
Explico.
O Sumo é um esporte tradicionalmente praticado por homens, sendo que até hoje algumas práticas (para algumas pessoas, atos machistas - não vou entrar nesse mérito, pois não tenho o interesse de militar por nenhum tipo de "ismo", seja ele machismo, feminismo, comunismo, capitalismo etc.) que impedem a participação feminina estão presentes, principalmente no
Oozumo. É o caso, por exemplo, de proibir-se que a mulher suba no
dohyo; de tocar no
mawashi do lutador; etc.
Foi notório quando impediram que uma pessoa pública importante (se não me falha a memória, a prefeita da cidade de Osaka) subisse no
dohyo para entregar um troféu ao campeão, durante a cerimônia de encerramento do torneio profissional. Ela precisou nomear um representante masculino para entregar o prêmio.
Em 2007 aconteceu um fato interessante que estampou páginas de jornais no Japão, mas que em qualquer outro lugar do mundo não mereceria destaque: Uma mulher invadiu o
dohyo. Não, ela não estava pelada, como nos campeonatos de tênis ou futebol, em que já tornou-se comum invadirem o campo. Estava de calça jeans e uma camiseta verde. Mas é que era uma mulher.
Bom, mas tudo isso é para dizer que a mudança de nome é o atestado do grande avanço na popularização do Sumo feminino.
Os japoneses colocaram o nome de "shinzumo" provavelmente por conta do medo do impacto que o nome "joshizumo" poderia trazer. Era melhor falar que tratava-se de um "novo Sumo" do que dizer que era o "Sumo praticado por garotas". Num cenário dominado por homens, é fácil chegar a essa conclusão.
Passados quase dez anos desde que as primeiras mulheres ingressaram nos dohyo mundo afora, pode-se dizer que finalmente firmaram seu espaço no mundo do Sumo amador, derrubando mitos e preconceitos.
Abraços!