segunda-feira, 17 de junho de 2024

Ainda sobre o Sulamericano

 


Em relação ao Sul-americano como um todo, vejo de forma muito positiva o crescimento do número de atletas do Sumo Feminino e aposto que crescerá nos próximos anos, por dois motivos: a inserção das novas categorias de peso e a presença de Hyori Kon na Argentina.

Durante praticamente toda minha vida no Sumo acreditei que a divisão por peso arrancava do Sumo a essência da luta, pois não faria o menor sentido uma arte que teria caráter marcial fazer que o guerreiro enfrente apenas pessoas semelhantes. Ora, não se escolhe o adversário em batalha: grande beleza da prática seria dar instrumento para que se vença grandes desafios.

Acontece que isso só seria possível no Oozumo pois os atletas vivem praticamente nas mesmas condições físicas, mentais, sociais e até mesmo nutricionais. É somente por essa igualdade de condições que se pode falar que há alguma “meritocracia” naquele esporte. A partir do momento que estão nivelados é possível dizer que vence, por exemplo, aquele que se esforça mais.

No contexto amador por outro lado as condições diferem ao redor do globo e acaba que é necessário forçar a igualdade através do agrupamento dos indivíduos em categorias. Há assim a divisão por sexo, idade e peso. Para a popularização como esporte se faz, então, necessário aumentar a quantidade de medalhas distribuídas. Nesse aspecto entendo que o objetivo deve mudar. Foco no atleta e não mais no esporte: premiar mais para aumentar o interesse.

Em posts futuros falarei um pouco sobre a importância da atleta japonesa em nosso continente, haja vista o brilhante seminário que ministramos, mas já adianto que é uma grande oportunidade tê-la tão perto. Confesso que superou muito minhas expectativas devido à clareza e a forma desinibida e dedicada a transmitir seu conhecimento. Não há nada mais nobre que ensinar. Isso ela faz de modo ímpar.

Infelizmente tivemos a ausência muito sentida da Venezuela e da grande maioria dos atletas do Paraguai. Compreendo a dificuldade de se enviar uma equipe completa, mas me parece fundamental que os países que participam da Federação Sul-americana de Sumo envie ao menos um atleta do masculino e um atleta do feminino para competir, haja vista o perigo de se inviabilizar a competição.

É preciso que as federações que tem interesse em participar da competição apenas como escada de acesso ao Combat Games ou World Games entendam que a ausência pode inviabilizar a inscrição de atletas, pois se exige a participação de pelo menos 3 países para considera-lo continental.

A presença do Chile foi um grande alento, pois além dos atletas tivemos a presença de um dirigente interessado em ter conhecimentos de arbitragem. Espero que vinguem e me coloco à disposição para ajudar nesta empreitada.

Para a consolidação do esporte de modo continental (numa análise rasa) vejo que a estratégia a se adotar é primeiramente fortalecer o Sumo no cone sul, dada a proximidade e a facilidade de locomoção dentre esses países. Para os brasileiros, por exemplo, a capital argentina é muito atrativa: nossa delegação foi a maior já enviada, de quase 50 pessoas, entre atletas, dirigentes, árbitros e familiares. Seria muito interessante a criação de mais oportunidades de intercâmbio entre esses países que unam o esporte e turismo, por exemplo. Quem aí não gostaria de uma sessão de treinos seguida de turismo gastronômico e enófilo em Montevidéu, Santiago ou Buenos Aires; ou uma pescaria nos rios paraguaios; um hiking em Foz do Iguaçu?  Bora agitar isso aí.

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