Em relação ao Sul-americano como um todo, vejo de forma
muito positiva o crescimento do número de atletas do Sumo Feminino e aposto que
crescerá nos próximos anos, por dois motivos: a inserção das novas categorias
de peso e a presença de Hyori Kon na Argentina.
Durante praticamente toda minha vida no Sumo acreditei que a
divisão por peso arrancava do Sumo a essência da luta, pois não faria o menor
sentido uma arte que teria caráter marcial fazer que o guerreiro enfrente
apenas pessoas semelhantes. Ora, não se escolhe o adversário em batalha: grande
beleza da prática seria dar instrumento para que se vença grandes desafios.
Acontece que isso só seria possível no Oozumo pois os
atletas vivem praticamente nas mesmas condições físicas, mentais, sociais e até
mesmo nutricionais. É somente por essa igualdade de condições que se pode falar
que há alguma “meritocracia” naquele esporte. A partir do momento que estão
nivelados é possível dizer que vence, por exemplo, aquele que se esforça mais.
No contexto amador por outro lado as condições diferem ao
redor do globo e acaba que é necessário forçar a igualdade através do
agrupamento dos indivíduos em categorias. Há assim a divisão por sexo, idade e
peso. Para a popularização como esporte se faz, então, necessário aumentar a quantidade
de medalhas distribuídas. Nesse aspecto entendo que o objetivo deve mudar. Foco
no atleta e não mais no esporte: premiar mais para aumentar o interesse.
Em posts futuros falarei um pouco sobre a importância da atleta
japonesa em nosso continente, haja vista o brilhante seminário que ministramos,
mas já adianto que é uma grande oportunidade tê-la tão perto. Confesso que superou
muito minhas expectativas devido à clareza e a forma desinibida e dedicada a
transmitir seu conhecimento. Não há nada mais nobre que ensinar. Isso ela faz
de modo ímpar.
Infelizmente tivemos a ausência muito sentida da Venezuela e
da grande maioria dos atletas do Paraguai. Compreendo a dificuldade de se enviar
uma equipe completa, mas me parece fundamental que os países que participam da
Federação Sul-americana de Sumo envie ao menos um atleta do masculino e um
atleta do feminino para competir, haja vista o perigo de se inviabilizar a
competição.
É preciso que as federações que tem interesse em participar
da competição apenas como escada de acesso ao Combat Games ou World Games
entendam que a ausência pode inviabilizar a inscrição de atletas, pois se exige
a participação de pelo menos 3 países para considera-lo continental.
A presença do Chile foi um grande alento, pois além dos
atletas tivemos a presença de um dirigente interessado em ter conhecimentos de
arbitragem. Espero que vinguem e me coloco à disposição para ajudar nesta
empreitada.
Para a consolidação do esporte de modo continental (numa
análise rasa) vejo que a estratégia a se adotar é primeiramente fortalecer o Sumo
no cone sul, dada a proximidade e a facilidade de locomoção dentre esses países.
Para os brasileiros, por exemplo, a capital argentina é muito atrativa: nossa
delegação foi a maior já enviada, de quase 50 pessoas, entre atletas, dirigentes,
árbitros e familiares. Seria muito interessante a criação de mais oportunidades
de intercâmbio entre esses países que unam o esporte e turismo, por exemplo. Quem
aí não gostaria de uma sessão de treinos seguida de turismo gastronômico e enófilo
em Montevidéu, Santiago ou Buenos Aires; ou uma pescaria nos rios paraguaios;
um hiking em Foz do Iguaçu? Bora agitar
isso aí.